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Grandes mistérios habitam
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
meu transpor tardo de os ver.
São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sonho e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está
Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo o passo é uma cruz.
-in Poesias Ocultitas de Fernando Pessoa, Aquariana edt.