«Quando um livro está acabado - um livro que escrevemos, bem entendido - já não podemos dizer, ao lê-lo, que esse livro foi um livro escrito por nós, nem que as coisas foram lá escritas, nem com que desespero, nem com que alegria, o de um achado ou de um fracasso de todo o nosso ser. Porque, no final, num livro, não é possível ver nada disso. A escrita é, de certa maneira, uniforme, ajuizada. Já nada acontece num tal livro, terminado e distribuído. E ele reencontra a inocência indecifrável da sua vinda ao mundo.
Estar só com o livro ainda não escrito é estar ainda no primeiro sono da humanidade. É isso. É, também estar só com a escrita ainda em fase de pousio. É tentar não morrer dela. (...)»
- Margueritte Duras, "Escrever". Para o Jorge.
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